Difícil é explicar o amor. Se é que o amor tem explicação. Ele costuma aparecer nas formas mais esdrúxulas (sempre quis escrever essa palavra); bizarra, isso mesmo: bizarra; cômoda, quase 100% das vezes são cômodas. O amor também tem suas vitalidades, seus fervores ardentes de desejos loucos e impulsantemente afoito, de ranger os dentes, sexo! É claro que estou dizendo daquele amor entre homem e mulher, mulher e homem; e até outros, que não é do meu tipo, mas respeito. Às vezes nos deparamos com pessoas que, certamente, levam-nos a crer que são para o resto da vida. No meu caso, o probelma maior é que todas as garotas que conheço são para o resto da minha vida, no entanto, não aguento alguns dias. Eu sempre deixo bem calro o que os astros dizem "Olha, meu amor, eu sou meio complicado, nem eu mesmo me entendo. É que meu signo é gêmeos e o meu ascendente é peixes. Entende? Nem queira! É impossível enteder um geminiano com o ascendente em peixes". Dizem que é desculpa minha. Que não sou de compromisso. Mas, agora, vou dizer a verdade!! Veja se tem cabimento uma coisa dessa. Eu convido uma moça para irmos ao teatro. Ela aceita, com aquela cara de quem se pergunta "Teatro? Nossa que chatice". Digo maravilhas sobre teatro, o quanto se desenvolve quando estamos em processo de criação. A riqueza de se colocar em outras situações. A beleza de ser o outro. Ser velho, mulher, rico, filho de uma puta... Ser tudo aquilo que a sociedade impede que eu seja. Posso até voar!! Ah, legal, diz ela. "Mas é muito chato ficar aqui sentado, sem fazer nada. Da próxima vez vamos pro funk no Vila Mara?". Dai-me paciência, senhor.
Uma outra vez, fui ao shopping, não é minha praia, mas fazer o quê, com uma garota que a conheci através de um amigo. Lindíssima ela é! Depois do filme, que nem prestei atenção, caminhamos pelos corredores. Eu louco para ir embora. "Eu gosto é de boteco, porra." Pensava a toda hora. Disse-lhe coisas ao ouvido que faria qualquer mulher sentir-se amada. Falei de seu sorriso. Do contorno da boca, mordi-a suavemente. Dos olhos que brilhavam, brilhavam mais que as luzes da vitrine. Tocava os seus cabelos, cabelos que ganhavam vida naqueles corredores, cabelos negros. No auge de tanta inspiração ela me questiona: "Ai, credo! Você nem reparou na minha blusinha. É da Vougue. A calça, Forum. E o meu celular, um V3, não é lindo? Você tem celular? O meu tem internet... Peraí, peraí..." O que foi? Eu lhe perguntei. "Eu não postei nenhuma mensagem no twitter: 'Oi, pessoal, estou no shopping com uma pegada'". É o que?
Vocês me entendem agora? Vai pra puta que a pariu. Não sou eu que sou complicado, é o amor de hoje que tá chato pra caralho!!!!!!