segunda-feira, 30 de julho de 2012



Quando criança, na escola,
Entraram na sala de aula
E tomaram de mim o sonho
Que eu tinha na mochila.
Ali mesmo,
Lhe deram choque elétrico, tranquilizante
E o amarraram com uma camisa de força.

Quando adolescente,
O homem levou alguns dos meus amigos,
Junto com eles os meus sonhos.
Deixaram os meus amigos a mercê de tudo,
Principalmente da ilusão.
Aqueles amigos, sem sonhos.
Eu, sem sonhos e sem aqueles amigos.

Ontem, no meio da madrugada,
Invadiram a minha casa
Levaram os sonhos
Que eu guardei numa caixinha de papelão
Dentro da gaveta do guarda roupa
Do pequeno barraco
Na rua dos sonhos
Da cidade do sonho

Amanhã,
Eu escondi um sonho no bolso
para que ninguém o encontrasse
Mas, de repente, me enquadraram
Recebi uma carícia bruta no meio da face
Levaram o meu sonho

Pobre homem.
Do nada que me resta,
novos sonhos renascem...





O pior de tudo é esse negócio de celular conectado ao facebook. Eu tenho minhas dúvidas se isso é modernidade, modernoso. Sinceramente, eu não quero ser modernoso. Sinceramente, eu não quero essa modernidade. Eu quero entender como é que um celular funciona. Eu quero entender aqueles códigos que aparecem na tela do computador de um analista de sistema...

"Alô, meu amor?"

Um momentinho só, por favor, desculpa.
...
"Meu amor, eu não quero passar horas e horas falando com você 'en el teléfono celular' (é assim que escreve? Não me lembro agora). Eu quero olhar seus olhos embriagados de cachaça e de amor..."

Desligou na minha cara. Voltando:

Eu gosto de sair por aí, sem destino. Aventuro-me (porra, ficou estranho esse verbo) no transporte público de São Paulo. Detalhe: eu gosto de sair por aí, pois se eu dependesse dele para trabalhar, eu estava lascado... Tanta coisa eu vivo pela janela, tanta janela pede para viver. Tem janela que necessita de uma olhadela, nem que seja de relance. Também existem aquelas que pedem para não serem vistas; elas ' " 'pedem ' " ' (pô, é aspas nas aspas?), entende? É tipo reality show:

- Por favor, não me olhem lavando a "prexeca"!! - eu acho que é assim que escreve. Eu escuto minha família, que graças a Deus é de maioria formada por mulheres, pronunciando essa palavra "prexeca". Deve ser uma mistura de idiomas.

Então, pela janela do busão "cê tá ligado, tiu?", eu vejo o que me invade. Eu me esforço ao máximo para olhar dentro do armazém (eu sei que hoje não exite mais armazém. É loja, né? Enfim, mas eu gosto de palavras antigas). Esforço-me para beber do olhar da vendedora de roupas que sonha com o celular novo que tem acesso à internet. A vendedora vai ficar ligada com as notícias do mundo. Como se fosse resolver alguma coisa na minha vida - desculpem-me os chineses, eu não tenho nada contra os chineses - eu saber que uma moçoila chinesa, que levava na moto mais uns cinco moçoilos, quase foi atropelada.

"Alô, meu amor? Aloooou... Alooooou.."

Um momentinho só por favor.

"Meu amor amor, não me mande um beijo por computador (parafraseando o peixelétrico)..."

A questão é a seguinte: Deculpem-me, por favor, mas eu não consigo ficar com a cabeça abaixada digitando as teclas do celular ou vendo alugma postagem, enquanto a vida passa pela janela! ("Pô, Bruno, você tem que parar com essa mania de pedir desculpas." Ah, é que me sinto um estranho nesse mundo modernoso.). Só uso celular porque me obrigaram!!...
 
 

sexta-feira, 20 de julho de 2012


Não sou poeta por escrever versos.
Não são poesia os meus versos.
Não desejo, em momento algum, escrever poesia.

Sou apenas, definitivamente apenas, um alguém qualquer, definitivamente qualquer,
vivendo um mundo, mais uma vez, em crise;
fervendo a água do café;
soltando leões da jaula.

Poetas são velhos,
mesmo os jovens,
são velhos.

Poetas vivem à frente de seu tempo.
Gozam feito adolescentes, velhos.

A
       ce
nam

Tentamos alcançá-los...
É impossível!
Sempre andam à frente.
(Poetas não correm, andam!)

Mesmo quando
passeiam de tílburi,
frequentam theatros e tabernas,
compram drogas na pharmácia,
eles estão à frente.

Poetas já viveram aquilo que o mundo está vivendo.
Poetas são velhos

quinta-feira, 12 de julho de 2012



Minha viagem
Pode ser que alguém pense que eu uso alguma droga. Até já me passou pela cabeça coisa parecida, entretanto, logo em seguida, perco-a totalmente da minha cabeça.
Pego-me pensando no espaço, nos planetas, no pó das estrelas, no sopro da vida, na dança do Universo... Penso no infinito, que talvez nem seja infinito. Imagino-me atravessando a parede do “infinito” e caindo nas mãos de Deus. É como se o espaço fosse uma bola de cristal nas mãos de Deus e que Deus estivesse brincando com a gente. De vez em quando chacoalhando a bola de cristal - igual àqueles filmes americanos de natal com aquelas bolinhas que nevam -. E Deus está num quarto branco (sendo assim, então, a luz não nasceu da escuridão, e sim a escuridão da luz? Deixa pra lá!); e Deus, na verdade, por mais que a palavra nos remeta a um homem, é um menino brincando com seu único brinquedo num enorme quarto vazio. Uma esfera na qual  está o nosso espaço onde a terra flutua; e esse menino passa horas e horas ali, brincando. Até que sua mãe, repentinamente, atravessa pela porta e diz:
- Deus, vai já arrumar sua cama. Parece bobo com essa bolinha na mão.