Quando criança, na escola,
Entraram na sala de aula
E tomaram de mim o sonho
Que eu tinha na mochila.
Ali mesmo,
Lhe deram choque elétrico, tranquilizante
E o amarraram com uma camisa de força.
Quando adolescente,
O homem levou alguns dos meus amigos,
Junto com eles os meus sonhos.
Deixaram os meus amigos a mercê de tudo,
Principalmente da ilusão.
Aqueles amigos, sem sonhos.
Eu, sem sonhos e sem aqueles amigos.
Ontem, no meio da madrugada,
Invadiram a minha casa
Levaram os sonhos
Que eu guardei numa caixinha de papelão
Dentro da gaveta do guarda roupa
Do pequeno barraco
Na rua dos sonhos
Da cidade do sonho
Amanhã,
Eu escondi um sonho no bolso
para que ninguém o encontrasse
Mas, de repente, me enquadraram
Recebi uma carícia bruta no meio da face
Levaram o meu sonho
Pobre homem.
Do nada que me resta,
novos sonhos renascem...