segunda-feira, 30 de julho de 2012



Quando criança, na escola,
Entraram na sala de aula
E tomaram de mim o sonho
Que eu tinha na mochila.
Ali mesmo,
Lhe deram choque elétrico, tranquilizante
E o amarraram com uma camisa de força.

Quando adolescente,
O homem levou alguns dos meus amigos,
Junto com eles os meus sonhos.
Deixaram os meus amigos a mercê de tudo,
Principalmente da ilusão.
Aqueles amigos, sem sonhos.
Eu, sem sonhos e sem aqueles amigos.

Ontem, no meio da madrugada,
Invadiram a minha casa
Levaram os sonhos
Que eu guardei numa caixinha de papelão
Dentro da gaveta do guarda roupa
Do pequeno barraco
Na rua dos sonhos
Da cidade do sonho

Amanhã,
Eu escondi um sonho no bolso
para que ninguém o encontrasse
Mas, de repente, me enquadraram
Recebi uma carícia bruta no meio da face
Levaram o meu sonho

Pobre homem.
Do nada que me resta,
novos sonhos renascem...


2 comentários:

  1. Toda saga de retirante é sofrida, mas aprecio, e sempre me surpreendo, com a força retirada da peleja da vida, mesmo perdendo sonhos a cada esquina. E mesmo que esses sonhos sejam loucos, desvairados, amigos desgraçados ou até mesmo algo material guardado numa caixinha de papelão, é natural o almejo por coisas realmente estimulantes. O sonho move a gente, né verdade? Gostei do poema triste, pois ele nos faz refletir sobre a semântica do sonho. Gostei também do "carícia bruta", vou usar, hein! Cê permite??

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  2. Pô, Xará, valeu pelas palavras. Você capitou perfeitamente a intenção. Até mais do que eu. Realmente, o sonho nos move!!
    "Carícia bruta", se eu permito? Eu só escrevi isso porque devo ter lido em outro lugar. Nossas palavras não nos pertencem... rsrsrs


    Valeu mesmo, Xará!!!! Forte Abraço!!!

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